HISTORIA DA ENGENHARIA NO BRASIL
Parte 03 - Inicio:
Em Portugal,
desde o início do Século XVIII já havia começado um surto de progresso da
engenharia e ciências afins (astronomia, cartografia, etc.), por iniciativa do
Rei D. João V, que queria recuperar o atraso em que o país se encontrava, em
relação a outras nações. Para esse progresso muito contribuíram Manoel de
Azevedo Fortes, engenheiro-mor do reino, e o Colégio de Santo Antão, dirigido
pelos padres jesuítas, no qual, desde o Século XVI, havia a Aula da Esfera, onde se ensinava
matemática aplicada à navegação a às fortificações, e de onde provieram muitos
dos engenheiros militares que atuaram no Brasil-Colônia. Nesse Colégio, o Rei
D. João V mandou instalar, em 1739, um observatório astronômico que era tido
como um dos melhores da Europa no seu tempo. Azevedo Fortes nunca esteve no
Brasil, mas a sua influência foi grande na nossa engenharia, pelos projetos que
fez, pelos muitos engenheiros seus alunos que aqui trabalharam e,
principalmente, pelo seu livro clássico O
Engenheiro Português, verdadeira enciclopédia de todos os conhecimentos de
engenharia de sua época.
No Brasil-Colônia
vamos ver esses engenheiros construindo não só fortificações como também
palácios, igrejas, conventos, aquedutos, etc.
Em 1795, funda-se
em Paris, por iniciativa de Gaspard Monge e de Fourcroy, a famosa École Polytechnique, que se tornou o
modelo de outras escolas de engenharia pelo mundo afora. Essa escola tinha o
curso em três anos, onde professores de alto nível (Monge, Lagrange, Prony,
Fourrier, Poisson, etc.) ensinavam as matérias básicas da engenharia, sendo os
alunos depois encaminhados a outras escola especializadas: Ponts et Chausseés, Ècole des Mines, etc.
O nascimento da
engenharia moderna, ou da engenharia propriamente dita, coincidiu também (ou
foi conseqüência), com dois grandes acontecimentos que ocorreram na história do
mundo no Século XVIII: a revolução
industrial e o movimento filosófico e cultural denominado de iluminismo ou de ilustração (enlighment).
A revolução industrial, com o
aparecimento da máquina a vapor e de uma série de outras máquinas, forçou o
desenvolvimento tecnológico e o estudo e pesquisa das ciências físicas e
matemáticas, tendo em vista as suas aplicações práticas, isto é, da própria
engenharia. O movimento do iluminismo,
dos enciclopedistas e de outros
filósofos de época, conseqüência do renascimento e das idéias de Descartes,
libertou o espírito humano dos estreitos limites da escolástica tradicional e
valorizou a observação da natureza, da experimentação, do estudo das ciências
físicas e naturais e suas aplicações.
É interessante
observar que, desde a Antigüidade até o Século XVII, a investigação científica,
inclusive nas ciências físicas e matemáticas, era quase mera especulação, em
geral sem nenhum objetivo de aplicações práticas; havia, quando muito, alguma
aplicação com finalidades militares. A partir do início do Século XVIII, a revolução industrial e o iluminismo promoveram uma mudança
completa na mentalidade científica, cujas investigações começaram a ter um
sentido de aplicações práticas.
Registre-se,
também, que, desde o final do Século XVII, o aparecimento e desenvolvimento da
indústria siderúrgica e o início da utilização do ferro como material de
construção causaram uma revolução na arte de construir, até então inteiramente
baseada na pedra como material fundamental.
Parte 03 - Final.
Continua no próximo post...tentarei colocar uma parte por quinzena.
Abraços a todos!
Eng. Thiago Fr. Malagutti.
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