sexta-feira, 14 de junho de 2013

Engenharia Útil e Descomplicada

HISTORIA DA ENGENHARIA NO BRASIL

Parte 03 - Inicio:


Em Portugal, desde o início do Século XVIII já havia começado um surto de progresso da engenharia e ciências afins (astronomia, cartografia, etc.), por iniciativa do Rei D. João V, que queria recuperar o atraso em que o país se encontrava, em relação a outras nações. Para esse progresso muito contribuíram Manoel de Azevedo Fortes, engenheiro-mor do reino, e o Colégio de Santo Antão, dirigido pelos padres jesuítas, no qual, desde o Século XVI, havia a Aula da Esfera, onde se ensinava matemática aplicada à navegação a às fortificações, e de onde provieram muitos dos engenheiros militares que atuaram no Brasil-Colônia. Nesse Colégio, o Rei D. João V mandou instalar, em 1739, um observatório astronômico que era tido como um dos melhores da Europa no seu tempo. Azevedo Fortes nunca esteve no Brasil, mas a sua influência foi grande na nossa engenharia, pelos projetos que fez, pelos muitos engenheiros seus alunos que aqui trabalharam e, principalmente, pelo seu livro clássico O Engenheiro Português, verdadeira enciclopédia de todos os conhecimentos de engenharia de sua época.

No Brasil-Colônia vamos ver esses engenheiros construindo não só fortificações como também palácios, igrejas, conventos, aquedutos, etc.

Em 1795, funda-se em Paris, por iniciativa de Gaspard Monge e de Fourcroy, a famosa École Polytechnique, que se tornou o modelo de outras escolas de engenharia pelo mundo afora. Essa escola tinha o curso em três anos, onde professores de alto nível (Monge, Lagrange, Prony, Fourrier, Poisson, etc.) ensinavam as matérias básicas da engenharia, sendo os alunos depois encaminhados a outras escola especializadas: Ponts et Chausseés, Ècole des Mines, etc.

O nascimento da engenharia moderna, ou da engenharia propriamente dita, coincidiu também (ou foi conseqüência), com dois grandes acontecimentos que ocorreram na história do mundo no Século XVIII: a revolução industrial e o movimento filosófico e cultural denominado de iluminismo ou de ilustração (enlighment). A revolução industrial, com o aparecimento da máquina a vapor e de uma série de outras máquinas, forçou o desenvolvimento tecnológico e o estudo e pesquisa das ciências físicas e matemáticas, tendo em vista as suas aplicações práticas, isto é, da própria engenharia. O movimento do iluminismo, dos enciclopedistas e de outros filósofos de época, conseqüência do renascimento e das idéias de Descartes, libertou o espírito humano dos estreitos limites da escolástica tradicional e valorizou a observação da natureza, da experimentação, do estudo das ciências físicas e naturais e suas aplicações.

É interessante observar que, desde a Antigüidade até o Século XVII, a investigação científica, inclusive nas ciências físicas e matemáticas, era quase mera especulação, em geral sem nenhum objetivo de aplicações práticas; havia, quando muito, alguma aplicação com finalidades militares. A partir do início do Século XVIII, a revolução industrial e o iluminismo promoveram uma mudança completa na mentalidade científica, cujas investigações começaram a ter um sentido de aplicações práticas.


Registre-se, também, que, desde o final do Século XVII, o aparecimento e desenvolvimento da indústria siderúrgica e o início da utilização do ferro como material de construção causaram uma revolução na arte de construir, até então inteiramente baseada na pedra como material fundamental.

Parte 03 - Final.

Continua no próximo post...tentarei colocar uma parte por quinzena.

Abraços a todos!

Eng. Thiago Fr. Malagutti.